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sábado, 16 de abril de 2011

Prorrogadas até o dia 02 de maio as inscrições para o
IV FESTIVAL DA MANTIQUEIRA
Estão abertas as inscrições para o IV Festival da Mantiqueira da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, que acontecerá nos dia 27, 28 e 29 de Maio de 2011, em São Francisco Xavier (distrito de São José dos Campos)
A oficina de Motivação da Leitura, com vagas para professores  de escolas públicas e privadas de São Paulo será ministrada por Elizabeth Ziani.
A Oficina de Criação Literária é direcionada a estudantes maiores de 18 anos, também das escolas públicas e privadas, que tem a finalidade de despertar a produção de textos e o gosto pela leitura, estará a cargo do escritor Nelson de Oliveira.
 Durante o evento também serão divulgados os nomes dos finalistas do Prêmio São Paulo de Literatura - 2011 e será lançado o 4º ano do programa “Viagem Literária”, do qual Tapiratiba deverá fazer parte, como ocorreu no ano passado.
Para os quiserem participar, devem responder, em até cinco linhas, à pergunta: “Por que você quer participar do IV Festival da Mantiqueira – Diálogos com a Literatura?”.
São 30 vagas para cada oficina, os selecionados recebem hospedagem, alimentação e transporte e podem participar dos eventos do Festival.
O resultado será divulgado no site da APAA a partir do dia 6 de maio
Aos que queiram concorrer à uma das vagas  que serão disponibilizadas através de concurso, acesse:
http://www.apaacultural.org.br/eventos_noticias_interna.php?id_noticia=858

quarta-feira, 6 de abril de 2011

ANÁLISE LITERÁRIA - “1822” – LAURENTINO GOMES
Renato José da Silva

Antes de falar acerca do livro é preciso citar um pouco de seu autor: Laurentino Gomes, que mais uma vez surpreende pela ousadia ao querer descortinar a história do Brasil para um povo, em partes, desmemoriado e não-dado ao civismo que esvai a passos largos em rumo à vida cada vez mais moderna e “desinteressada” por questões remotas e ultrapassadas. É admirável a sutileza e a pormenorização do trabalho de estudo e pesquisa do nobre jornalista paranaense ao escavar informações, desmistificar dados e tabus de inúmeros “achismos” sustentados há anos pelo senso comum de um povo - com características físicas impregnadas num corpo brasileiro, porém com uma mentalidade imbuída por hábitos, costumes, medos e credos importados da Europa. Uma civilização dividida entre dois mundos tão diferentes: de um lado, a pompa, a finesse da cultura europeia transmitida por Portugal, Inglaterra e França; de outro, a figura rudimentar, grotesca, quase selvática do Brasil - terreno que renderia a Dante, uma releitura de sua “Divina Comédia”, pois, não é que aqui, nesta imensa territorialidade, que divide tantas e tantas opiniões, achar-se-iam o Purgatório, o Céu e o Inferno numa única porção de terra?
Doravante, não é que o livro retrata esse desejo equivocado do brasileiro em relação ao seu próprio país? Há quem deseja, em épocas atuais, abandonarem o país e viverem no exterior, como há outros que vestem tanto a camisa do patriotismo que preferem morrer aqui onde sequer, jamais, tirariam os pés para visitarem outros países, afirmando que o Brasil é o melhor lugar do mundo!  
Laurentino retratou um pouco dessa ideia em “1822. Incrível como o projeto de Independência dividiu tanto as fronteiras territoriais do país em relação de um Estado para outro. Alguns queriam o país livre, denotando todo seu apoio; já, outros, julgavam a proposta de independência, um gesto pérfido, uma traição contra a Pátria-mãe.
A visão pesquisadora-investigativa de Laurentino proporciona ao livro um enredo calçado em nomes e datas que, embora ao primeiro momento possa ser um pouco cansativa, não retira do leitor a oportunidade de estar se envolvendo num ambiente mágico e prazeroso da descoberta e da transportação do mundo hodierno para o imaginativo de como seria viver em épocas passadas, no caso, o período de 1822-1831.
1822 têm 22 capítulos-temas independentes, seguindo a mesma linhagem narrativa de seu antecessor (1808). Seu conteúdo apresenta a história da volta de D. João VI a Portugal, deixando no Brasil seu filho, D. Pedro I, para administrar os negócios por aqui. No entanto, D. Pedro acabou recebendo do próprio pai um presente de grego: uma colônia falida. Antes de marcar sua viagem para Portugal. D. João VI fez questão de limpar todos os cofres do Banco do Brasil (órgão criado para administrar seus pertences e sua fortuna e de terceiros) e levar consigo todos os bens necessários que serviriam para comandar a vida econômica do Brasil.     
A obra é toda engajada na seguinte pergunta: “Como um jovem inexperiente politicamente, insalubre, de temperamento agressivo e explosivo, dado a amores furtivos, foi capaz de lutar contra sua própria origem em favor da criação de uma pátria que tanta almejava por sua independência? Uma colônia, onde, suas províncias, aos poucos, iam se desfragmentando, desejosas de liberdade política e econômica, ao mesmo tempo em que iam se armando e conspirando contra o poder monárquico que os controlava, onde a hostilidade sobrepunha o bom senso e a intelectualidade (99% de analfabetos); a belicosidade floresceu na vida pacata daquele povo que, em meio ao genocídio, dizia-se lutar por uma boa causa ou causa nenhuma!... Afinal, quem poderia ir contra as forças militares portuguesas? Quem opor-se-ia à Pátria-mãe? Entretanto, analisando os prós e os contras, o que à principio estava para dar tudo errado, acabou dando certo, D. Pedro fez nascer na cabeça dos brasileiros o sentimento de liberdade e patriotismo, apesar do descaso de muitos pelo andamento da província, foi como se renascesse na vida de cada habitante, uma fênix em prontidão de empenhar uma espada e lutar pelo seu território, antes, uma servidão de provimentos da Coroa; agora, a desforra de um país que renascia à mercê da própria sorte (embora sempre fora!), lutando pela garantia de seus direitos como pessoa (elitizada, é lógico!)
Não pense o leitor que o livro ressalta apenas aspectos e fatos econômicos e políticos. O agradável do livro são as curiosidades (quebras de mitos e achismos, como eu já mencionei) algumas delas bem interessantes como: a Marquesa de Santos, amante de D. Pedro, nem ser de Santos, pois morava em São Paulo; grande parte dos políticos que fizeram a história do Brasil serem pertencentes à Maçonaria, inclusive D. Pedro I; a preocupação de branquear a civilização brasileira (25% de brancos; 75% de negros, mulatos, índios e mestiços) incentivando a imigração de brancos para o Brasil. Emocione-se com a história de Maria Leopoldina, esposa de D. Pedro, e tire suas conclusões a respeito do caráter do imperador; do seu descaso pela esposa e reflita: amá-lo ou odiá-lo?
Descubra que Pernambuco era uma das maiores províncias do Brasil e que, por causa de suas rebeliões foi desfragmentada originando o Estado de Alagoas...      
Porém, uma curiosidade de extrema e singularíssima importância é sobre o Grito do Ipiranga. O capítulo que abre o livro revela inúmeros cortes de tabu acerca do fato. Demonstra que, por detrás da história, há mais pompas e equivocadas visões não-literais sobre o ocorrido que o acontecimento em si. Pode-se entender que houve através de uma liberdade poética, uma distorção, pelo agigantado ato praticado por D. Pedro.
O jovem, franzino e doente, com sérios problemas gástrico-intestinais (talvez um alimento estragado), declarou a Independência montado numa singela mula, único animal capaz de aguentar longas distâncias e de íngreme acesso. Percebe-se que a cena histórica está longe do épico e muito mais palpável e bucólica a que muitos imaginam.
Bom, fica aqui o convite para ler 1822!
Retire de si conceitos e paradigmas como a falta de importância de se saber mais a respeito do passado.
Firme-me nesta quadra:
Por mais que o homem queira
Colocar os pés no futuro,
É olhando lá no passado,
Que ele tem que se aperfeiçoar. (R. J. Silva)
Boa leitura!