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sexta-feira, 21 de maio de 2010

Análise Literária do Livro “1808”

Análise Literária do Livro “1808”
Renato José da Silva

O livro “1808” (2008), escrito pelo jornalista paranaense Laurentino Gomes, narrado em terceira pessoa, embora seja um documentário histórico acerca da importância que D. João VI desempenhou no Brasil, foge e muito do didatismo. Sua prosa nos remete ao Brasil colonial de antanho, fazendo-nos dessa redescoberta, hóspedes de um mundo que, mesmo remoto, parece renascer aos nossos olhos a cada página lida ou relida; não importa! Afinal, quem retém a verdade? Engana-se aquele que rotula a leitura histórica como falta de importância e mera perda de tempo, pois é preciso que saibamos expandir novos conhecimentos para que abordemos novos conceitos de encararmos o país onde vivemos. Laurentino nos proporciona esse tipo de questionamento: estaríamos corretos em pré-conceituarmos as críticas, dando nosso veredicto, antes mesmo de sabermos as provas dos acontecimentos? Nossos antepassados históricos seriam, porventura, mártires ou escarnecedores? Não que devemos apenas concordar com os prós e esquecermos os contras. Aliás, Laurentino, com seu labor e sua experiência jornalística, documenta acerca de D. João VI e seus súditos como um cronista que a tudo percebe e relata, mas nada questiona ou conclui. O que dá ao leitor a chance de tirar suas próprias percepções concludentes sobre o assunto.
É necessário que leiamos mais sobre o passado e que não devamos dar certos assuntos ou tópicos como certos e finitos, somente porque, algum dia, alguém simplesmente sob sua visual maneira de observá-los, dotaram-na como verdade absoluta. Ao lermos mais, inquirimos mais, e assim, repintamos imagens futuras com mais clareza, agimos com menos hipóteses e mais sabedoria.
1808 tem uma narrativa leve, e prende pelas curiosidades abordadas a respeito da vida socioeconômica e política da época da permanência da família real no país – 13 anos – (1808-1821).
Seus 29 capítulos, embora autônomos e assimétricos, interligam-se conforme a temática vai germinando na mente do pesquisador-jornalista, ou de acordo com o grau de importância que seus “personagens” tomam e retomam no enredo que se quer apresentar. Destaque para as citações particulares de inúmeras pessoas que por aqui estiveram e relataram suas vivências em solo brasileiro. Essas citações comprobatórias, que afloram grande parte do conteúdo do livro são, em suma, importantíssimas para que a trama se desenvolva sem exaustão ou prolixidade.
Esqueça a idéia que história é só para historiador e envolva-se também nessa viagem. Faço saber que, após lê-lo, terás reflorescido um novo sentimento patriótico dentro de si! Observarás um novo país, um novo Estado e valorizar-te-ás ainda mais como pessoa privilegiada ao morar neste solo.
Fica aqui o convite para ler 1808.
Dica: dispa-se de conceitos, hábitos e costumes desta Era Tecnológica do ano de 2010 para que possa adentrar e compreender melhor as idéias sociofilosóficas do início do século XIX. Embarque num mundo sem a presença da eletricidade e toda comodidade que ela lhe oferece; sem o finesse e o glamour de uma sociedade que desconhece hábitos higiênicos e triviais e regras comportamentais. Logicamente, sem perder a pose!
Bem-vindo a 1808. Boa viagem!

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